quinta-feira, 19 de maio de 2005

Romance à velocidade Adsl

"Ninguém ama a outra pessoa pelas qualidades que ela tem caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama a outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referências. Ama-se pelo cheiro , pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. " in www.sescblog.pt.vu

Pois é, mas quantos de nós andamos realmente atentos a todos estes pequenos pormenores que fazem com que uma pessoa se torne única, especial, marcante? Todos dizemos que sim, que andamos à procura e estamos realmente atentos, mas estaremos mesmo?

O que me parece na realidade é que na era do fast-food, também as pessoas se tornaram descartáveis... Uns são um Big Mac, outros um Happy Meal. Eu gostava de ser 1 Big Mac, mas não sou nem nunca serei, por isso excusado será continuar a bater com a cabeça nas paredes à espera que alguém me veja assim. Sou provavelmente um Happy Meal com aspirações a tornar-me um dia num McRoyal Delux!Quando eu for grande! (hmmm...tanta analogia a comida para quem nem come no McDonald's!)

No Reino Unido já se fazem algumas vezes por semana encontros organizados de grupos de homens e mulheres. Ao princípio quando fiquei a saber disto, pareceu-me ser das coisas mais estranhas que já tinha ouvido, ri como se fosse a anedota do ano, mas passado um pouco a situação pareceu-me algo familiar. Ora o que se passa é que sentam em mesas individuais cerca de uma dúzia de senhoras. Cada mulher tem nas mãos um cartão com os nomes de todos os homens com quem vai falar e o mesmo se passa com os homens. Quando toca uma campaínha os homens sentam-se, cada um com uma mulher, e têm apenas 3 minutos para deixarem a melhor impressão possível. Ao fim destes míseros 3 minutos uma campaínha soa e os homens vão trocando de mesa até que já as correram todas. Ao longo das conversas ambas as partes vão atribuindo pontuação à pessoa com quem acabaram de falar. No final aqueles que sem querer tiverem dado uma pontuação alta e igual entre si, combina um possível encontro.

Ridículo não é? Que espécie de impressão é que podemos causar numa pessoa em apenas 3 minutos? De que forma podemos em 3 minutos apenas sobressair por entre uma multidão de gente? Por ridículo que seja, é algo que quase todos fazemos todos os dias...Se bem que de forma mais disfarçada. Talvez porque nem nós próprios queremos ver aquilo que andamos a fazer.

Senão, o que tem a Internet feito por nós? Todos os dias e a qualquer hora milhões de pessoas estão apenas a um clique de distância! É tudo muito fácil para quem se acomoda ou desespera. Tão fácil que se torna difícil quando sentimos na pele quão descartáveis somos.Sim, porque basta pensar nisto: conhecemos alguém pela Internet. Quase inevitávelmente é marcado um encontro "em carne e osso". Colocam-se então os seguintes problemas:

1º- Vencer a imagem que criámos online ou mostrar que somos realmente tão inteligentes, divertidos e espirituosos quanto aparentámos ser.

2º- Vencer o desconforto de estar perto de alguém com quem falámos mas que desde o início idealizámos, ao invés de conhecermos realmente a forma de ser da pessoa. ( E não me venham com tretas porque ninguém se "conhece" realmente pela net. Todos criamos personagens)

3º- Deixar uma boa impressão forte e duradoura

4º- Se a pessoa realmente nos agrada, transpôr a relação do virtual para o real

5º- Não entrarmos em paranóia cada vez que pensamos não ser assim tão únicos e especiais para a pessoa em questão. Da mesma forma que ele me conheceu a mim, pode ter conhecido outras 20 na mesma semana. Isto é um facto muitas vezes ignorado, mas que não deve ser esquecido.

6º- Aprender a aceitar que realmente somos descartáveis e que a partir do momento em que já não agradamos ou que é necessário um pouco mais de esforço, uma nova busca na web começa.

Aquilo que nos torna especiais deixa de existir. Temos todos apenas 3 minutos para cativar e prender a atenção de alguém. É um fardo pesado demais para se suportar. No entanto, é o que a maior parte de nós faz...Todos os dias...Uns por divertimento, outros por acaso, alguns por necessidade. É difícil ser-se jovem. Talvez mais difícil ver o tempo passar por nós. Sem dúvida mais difícil viver a solidão rodeados por milhões de seres virtuais. Complexo demais para um Happy Meal como eu compreender...

No entanto a lição foi revista e aprendida: somos tão descartáveis quanto a fast-food. 3 minutos ou um novo pedido está pronto a sair. Desculpem se a minha visão hoje é pessimista, mas é preciso admitir que é realista. No meio de tanta virtualidade as pessoas boas perdem-se. Todos temos um fundo bom e todos estamos a perdermo-nos. E um pouco mais todos os dias, à velocidade da Adsl!




(Para alguém especial...)

Forget me not- Lucie Silvas

Forget me not, I ask of you
Wherever your life takes you to
And if we never meet again
Think of me every now and then

We had just one day to recall
Now all I want is something more
Than just a fading memory
Left wondering what could have been.

Isn't it a shame, that when timing's all wrong
You're doing what you never meant to,
There's always something that prevents you.
Well I believe in fate, it had to happen this way
But it always leaves me wondering whether...In another life we'd be together.
We should feel lucky we can say... we've always got yesterday

And as I leave it all behind
You're still emblazoned in my mind
And for that very special day
Nobody loved me in that way

Forget me not, I ask of you
Wherever your life takes you to
And if we never meet again
Think of me every now and then...

5 Comments:

At 3:11 da manhã, Blogger Lumig said...

Eu desconhecia esse tipo de encontros...realmente 3 minutos não dão para nada mas fez-me lembrar do "Jogos sem fronteiras"...
Realmente tens razão, no que respeita aos contactos na net,onde as pessoas podem estar a quilómetros de distância, mas com um clique estão todas juntas, também podemos pensar na mesma coisa se olharmos para os telemóveis...é o toque, é as sms's,etc. Eu acho que estamos a perder a capacidade de sentir...sentir no sentido de sairmos, vermos as pessoas, conversar e afins. A parte das personagens é complicada, eu defino-me como sendo tímido, mas com o tempo vou-me desinibindo, se bem que aqui no pc é um processo mais rápido, admito. Se eu for conhecer alguém com quem tive contacto na internet, para mim é uma confusão...aliás só faço isso se a pessoa em questão quiser marcar um encontro, eu já tive experiências "engraçadas" que a partir daí desmarco-me de encontros. Já me disseram que estavam a adorar falar comigo e etc, mas assim que me pedem a foto, já não dizem mais nada...ou quando me apresento e o meu aspecto não agrada(nesse caso só falei com as pessoas 3 vezes...a primeira, a única e a última, a partir daí, fazem de conta que não conhecem um tipo) e a minha personalidade já não é para ali chamada...e a maior parte dos casos foi na faculdade que frequento, mas pronto, eu considerei isso tudo como didáctico. Eu por acaso também pensei numa analogia, mas não tinha nada a ver com McDonald's...era mais do estilo National Geographic, em que eu alternava entre urso ou lobo solitário.

Desculpa lá o grande testamento, mas tentei resumir ao máximo o que pensava da tua reflexão

Beijos

 
At 10:24 da manhã, Blogger Sooni said...

Dark-templar, testamentos é aquilo que eu deixo sempre, não o teu comentário! Lol

No entanto repara: através do tm tamos mais limitados. É preciso ter ao menos o nº da pessoa c quem queremos falar. Requer algum conhecimento prévio, nem que seja só de vista. Se fores tentar 1 nº ao calhas ainda acertas num velho de 70 anos e 120kg dos açores ou assim! lol

de qq forma, "estórias" na net...acho que cada x é mais difícil encontrar alguém que não tenha pelo menos uma. Falando por mim, eu só tenho uma mesmo e não conto repetir a experiência. Não da forma como deixei as coisas acontecerem. temos q tentar aprender com os erros né?

 
At 10:16 da tarde, Blogger Lumig said...

Nem me fales dos números ao acaso(isto foi mais engano que outra coisa mas pronto)...
Houve um dia que até me assustei quando atendi o telemóvel...do outro lado estava uma mulher aos berros a perguntar onde eu estava! Ainda levou um bocado de tempo a perceber que se enganou no número...mas pediu desculpa, eu não queria era estar na pele da pessoa a quem se destinava a chamada...desde então penso duas vezes antes de atender números que não conheço, tal foi o susto

 
At 12:58 da tarde, Blogger Sooni said...

Loooolllllll!!!!!!

Há uns anos atrás havia 1 sr do norte que ligava SEMPRE para o meu nº para falar c alguém. Passámos meses nisto. Até que 1 dia recebi uma mensagem no voice mail q dizia qq coisa deste género: " Toue? É a menina para quem eu ligo sempre por engano? Olhe, mas desta x não é engano, é mesmo p si! Feliz São Joãoue! Ah e não se preocupe que já tenho o nº certo da outra pessoua!"

Loooolllllll!!!!! Foi a msg de voz mais engraçada q já recebi até hoje!=)

Ps: os meu "erros" ortográficos, não são erros...p quem não percebeu era suposto ser o sotaque do Nuorte carago!=)

 
At 8:59 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Eu sobre este tema não sei porque n me sinto mto a vontade para falar... :| Mas concordo com o que o Dark escreveu no comentário: "Eu acho que estamos a perder a capacidade de sentir...sentir no sentido de sairmos, vermos as pessoas, conversar e afins" , mas com isto não quero dizer que realmente não há algo de positivo em conhecer novas pessoas, estejam elas perto ou não de nós. Beijoca (Ainda me deves o café!)

 

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