quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

Amar demais

"Bati a porta com força, sem vontade de estar contigo. Naquela manhã tomei uma decisão e dificilmente voltarei atrás. Não tenho o teu carinho, não terás também a minha presença. Não quero outra relação acidental, de jantares e sexo. Tentámos mais do que uma vez acertar os nossos tempos, as nossas vidas, e não conseguimos.

Não sei o que procuro em ti, nem de que forma pretendo que me trates. Não aprecio cobranças nem exigências, mas também não tolero um desapego constante. Gostava que me desses mais atenção, que a nossa relação não se resumisse a divertidas investidas sexuais. Como no dia em que (não sei se cumprindo um fetiche teu, se meu), mesmo à porta de minha casa, me pediste para te ligar, disponível para satisfazeres os meus desejos e as minhas ordens.

Com o teu aconchego, a chegada do frio do Outono tornou-se mais suave. Gostava de acordar ao teu lado, quando antes preferia que cada um acabasse na sua cama, com medo da monotonia que fatalmente acaba por se instalar. Talvez nunca me tenham cativado o suficiente para que me fosse indiferente a estação do ano. Ou nunca tenha permitido que me cativassem. Consigo ser estranhamente racional até nas minhas emoções.

De resto, a atracção quase sempre pesou mais nas minhas relações. É mais forte do que a inteligência, o carácter, a personalidade, o bom-humor, a família, é mais forte do que eu. Vagueio entre corpos perfeitos, agilidade e criatividade. Criei defesas para que ninguém entrasse em mim, mesmo que despertasse os meus sentidos. Esmoreço facilmente quando encontro alguma desmotivação e não compreendo uma relação sustentada por carinho e companheirismo.

Não preciso de partilhar a minha vida, de encontrar ou esperar alguém em casa, quando chego. E sei que o não sinto porque, ao meu lado, nunca houve quem ouvisse o meu silêncio e se sentisse confortável, me agarrasse as mãos e me prendesse. Alguém com quem eu aprendesse a amar.

E, no entanto, tenho medo de não saber o caminho de regresso, de me perder tão longe que não me volte a encontrar."

In "Amar demais" de Rita Matos

Metade de mim e metade de ti... Vais ser sempre o livro que levei emprestado, mas que nunca li.


Tainted Love

Sometimes I feel I've got to run away
I've got to get away from the pain you drive into the heart of me
The love we share seems to go nowhere
And I've lost my light
For I toss and turn, I can't sleep at night

Once I ran to you, now I run from you
This tainted love you've given... I gave you all a girl could give you
Take my tears and that's not nearly all
Tainted love

Now I know I've got to run away
I've got to get away
You don't really want any more from me to make things right
Need someone to hold you tight
And you think love is to pray
Well I'm sorry, I don't pray that way

Don't touch me please
I cannot stand the way you tease
I love you though you hurt me so
Now I'm going to pack my things and go

Touch me baby, tainted love...

5 Comments:

At 11:52 da manhã, Blogger paulo said...

muito bonito (tanto o texto como a música). a última frase consegue retratar na perfeição aquilo que (por vezes) me passa pela cabeça...

 
At 3:28 da tarde, Blogger Sooni said...

qual das ultimas frases?? =/

Lolololool! Os momentos louros tão-se a tornar cada x mais frequentes! ui!

 
At 6:05 da tarde, Blogger paulo said...

a do texto ;)

 
At 6:55 da tarde, Blogger Sooni said...

Bolas! É que se fosse a que diz "Metade de mim e metade de ti... Vais ser sempre o livro que levei emprestado, mas que nunca li.", já podia reclamar os louros de glória! Damn!!! Loo0ool

 
At 10:45 da manhã, Blogger paulo said...

lamento. também é uma frase bonita (bolas, esqueço-me sempre de elogiar @s don@s dos blogs quando tenho oportunidade...) mas não me revejo tanto nessa como na outra...

 

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