sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Não é bem uma lamúria...

Mas ultimamente nem o calor do Verão faz-me sentir como um anúncio da Coca-cola, tenho que admitir. Não sei muito bem o que se passa, mas algo em mim mudou. A vida de uma amiga minha faz-me neste momento reviver a minha própria... Há mais de 2 anos atrás. As comparações são inevitáveis e devo dizer que não sei até que ponto reconheço a pessoa que me sinto agora. Esta dormência de quem quer sentir, mas não consegue. Nada me entusiasma, já não sonho acordada. A minha inocência ou foi-me arrancada bruscamente, ou perdi-a algures pelo caminho e não dei conta. Tentativas inúteis de re-acender o que já se extinguiu. Talvez seja por isso que comecei a ler o Madame Bovary e não consigo acabar. Larguei o livro, pode ser que lancem o filme!

Não sei se é a isto que chamam de maturidade. Eu chamo-lhe aborrecimento. Onde está a montanha-russa que já vivi noutros dias? Ja falei anteriormente no "Z". O grande massacre ao meu espírito. Minha salvação a certa altura, minha condenação noutras, sempre o momento mais marcante. Sempre quem me fez sentir mais viva até hoje. Estive com ele recentemente. Admito que a minha parte racional não queria, por medo de voltar a ser arrastada para aquele vórtice de paixão e tormento, mas o meu lado emocional não queria outra coisa senão reviver. Voltar a sentir. Aquele formigueiro no estômago. Como é preciso cruzar os joelhos para pararem de tremer. Voltar a sentir a voz trémula sem conseguir evitar. Aquele riso incontrolável que se enrola na garganta. Tive tudo isso, mas por um momento tão breve que começo a duvidar que tenha existido. Estava lá quando adormeci, mas desaparecera quando acordei!

Já me senti mudada quando viajei pela última vez. As minhas prioridades mudaram, sem dúvida. Mas temo que se não sentir tudo agora, a altura passe... E depois seja tarde demais. Esta devia de ser a altura de viver a grande experiência da minha vida. Este devia ser o momento de ter uma epifania, de qualquer forma de revelação. Mas nada acontece, e tudo me aborrece. Dou por mim a contar pelos dedos quantas pessoas já iludi nesta minha busca. Para quantas pessoas já fui recentemente tudo o que queriam, mas que no fundo acabaram por nunca me conhecer. Até hoje não compreendem porque simplesmente me aborreci. Explicar dá muito trabalho.

Estive a ler as primeiras entradas deste blog e como tive saudades de cada memória que ele me aviva! Memórias... Não seria agora cedo demais para tê-las? Afinal, esta estava planeada como a fase da inconsequência! Mas nem isso me agita. Não me apetece brincar. Escuto-me a falar e parece que já passei por 1000 vidas. Mas 1000 vidas sem conhecimento de nada, porque o que aprendi não me parece de qualquer utilidade agora. Antes pelo contrário. Passei de um estado de êxtase absoluto para esta inércia permanente. E amaldiçoo estas 1000 vidas por que passei, mas grata pelas 1000 vidas que toquei.

Vi nas palavras e acções do "Z" que afinal não sou uma sombra. Existo e por vezes as minhas palavras chegam a alguém, nem que seja sob a forma de eco. Entram pela porta dos fundos da consciência naquela hora da noite em que o cérebro já só quer parar, em que se procura na noite um pouco de sossego. Isso já foi muito para mim. Mas aposto que daqui a uns dias já não me entusiasma minimamente. Não me sinto nem um pouco tentada a fazer aquele telefonema, a voltar a trincar o fruto proibido! Não consigo entender esta fase porque não tenho quem ma explique. Não sei o que me interessa, só sei que não é isto. Sinto que algo está para chegar, e só anseio que seja Vida! Mas recordo tudo cada vez que ouço a música...



Prizefighter
Bush


There are days when I fear for my life
Think that's strange? Well that's the waste of you

Sun up, time now for you to run
I will always know you - You're a special one
Now I'm up on this climb, up on this climb
I won't fade away

The best if yet to come , sad you're not around
The best is yet to come
Better get your feet back on the ground

Prisoner or passenger
A free man or scavenger
I'm a prizefighter
I'm a prizefighter

Who will be there to cover when you fall?
We're all chasing something
How come you never call?

The best is yet to come, sad you're not around
The best has just begun
Better get your feet back on the ground

Prisoner of passenger
A free man or scavenger
I'm a prizefighter
I'm a prizefighter

Prisoner of passenger
A free man or scavenger
I'm a prizefighter
I'm a prizefighter

I thought you were all beautiful
It doesn't make sense, sense, sense

I'm a prizefighter
I'm a prizefighter
I'm a prizefighter

6 Comments:

At 2:31 da manhã, Blogger Vera Isabel said...

às vezes sinto que os sentimentos são como o conhecimento escolar: frescos na altura em que os apreendemos, mas a necessitar de "re-explicação" quando começa o novo ano lectivo.
porque se desvanecem. porque deixam de fazer sentido.
o que é tão estranho e ao mesmo tempo tão fascinante!

p.s. -- há uma mini-série britânica relativamente recente da "madame bovary" com a frances o'connor.
^^

 
At 12:20 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Oi!
Dei de caras com o teu blog por acaso, e parecia que me estava a ler... Também tenho um "Z" na minha vida, que vive longe; qual o defeito do teu?
Bjs e força!

 
At 6:59 da tarde, Blogger Sooni said...

Rita, espero que tenhas gostado do blog e continues com as visitas e comentarios! =)

O problema do "Z" nunca percebi mt bem... Geralmente é o que acontece com pessoas complicadas cujas vidas mais tarde descobres que tocaste, mas que pareceram na altura nunca te dar importancia. Acho que o problema nao foi ele... Fui eu. Eu de alguma forma nao cheguei, nao consegui entrar, nao estive à altura. Acontece.

Beijinhos a todos,


Sooni xx

 
At 8:35 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Se deu para cresceres e para aprenderes, então foi tempo bem gasto :)
Sim, vou continuar as visitas e os comentários. Aproveito para pedir é mais actividade. Tenho vindo cá, mas não tens escrito...
Espero que as coisas estejam melhores.

 
At 4:18 da manhã, Blogger Unknown said...

Cada tempo é um tempo, E agora é tempo de viver agora. Os momentos que ardem de aparente vazio, são a porta aberta para o encontro com o próprio. É-se o que se é agora e nunca o que se foi ou pode vir a ser.
Como algumas fortes dores físicas são tratadas pelos naturistas com a pressão dos dedos para que a dor aumente até desaparecer. Os últimos instantes são os mais dolorosos. E o preço dessa dor é o alívio que a sucede. Assim, também as dores da alma exigem um luto. Um espaço e um tempo em que se vomitam as infecções que entopem o peito. Recolhe-se a um canto para lamber a ferida sem derrotismos, que é tudo uma questão de tempo. E tempo não falta, a julgar pelo que se rouba ao presente para mastigar o passado e adivinhar o futuro..

Erguer a cabeça e sorrir, que amanhã o dia é novo.

 
At 10:17 da manhã, Blogger Sooni said...

"Assim, também as dores da alma exigem um luto. Um espaço e um tempo em que se vomitam as infecções que entopem o peito. Recolhe-se a um canto para lamber a ferida sem derrotismos, que é tudo uma questão de tempo. E tempo não falta"

Exactamente! Couldn't have said it better myself!=)

 

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