quinta-feira, 19 de maio de 2005

A Teoria dos 7%

''O valor das coisas nao esta no tempo que elas duram mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesqueciveis,coisas inexplicaveis e pessoas incomparaveis.'' por Fernando Pessoa

Li isto no journal de alguém e aplica-se...é pena que no meio de tanta sabedoria e discernimento Fernando Pessoa não nos conseguiu ensinar a distinguir momentos inesqueciveis e pessoas incomparáveis dentro do espectro do bom e do mau. Mas ao menos conseguiu pôr em palavras o que sentimos...Mais do que eu alguma vez consegui...


Alguém que eu vou simplesmente chamar de "R" disse-me um dia uma verdade inegável: todos estamos à procura de alguém que esteja na mesma frequência que nós para conseguirmos uma ligação. Mas o que é realmente mais difícil é conseguirmos essa sintonia. Agora pergunto eu: mesmo quando a dita sintonia não se consegue, será que conseguimos na mesma ser marcantes na vida da outra pessoa? Como é que podemos sobressair do resto da carneirada? É que anda realmente muita carneirada por aí...

Como o "R" até que me parece ser um gajo esperto, respondeu-me com a teoria dos 7 %. Perguntam-me então "Mestre, o que é a teoria dos 7 %?" Pois a teoria dos 7% é na verdade muito simples: de todos nós, apenas 7% temos aquele "algo" indescritível que nos faz sobressair do resto. Quase como se fosse um foco apontado para nós qual reality show em que anda sempre uma câmera atrás, mas a pessoa faz a sua vidinha normal, como se nada de especial se estivesse a passar. Esses 7% são os abençoados, os restantes (a carneirada, portanto) tem que se limitar a fazer o máximo de auto-publicidade possível, cada um com os seus truques: o intelecto, o físico...vale tudo! A competição é grande e a socialização é quase o mesmo que uma ida ao talho: queremos sempre a peça que tem o aspecto mais apetitoso!

Felizmente para a carneirada, aquilo que nos faz sentir atraídos por outra pessoa não é uma verdade indelével. Varia muito de pessoa para pessoa. Há quem goste de louros, quem prefira morenos, os betinhos ou os freaks...Há muita coisa que nos faz querer estar com outra pessoa em particular: a forma como nos irrita, como expressa o que quer dizer com as mãos, como mostra carinho, como reconhece "aquela" música que passa na rádio, ou que se lembra daquele programa de televisão que dava na nossa infância e que parece que todos já esqueceram. Há sempre algo que nos torna especiais. Já disse isso antes e volto a afirmar. O que torna tudo confuso é que não é algo palpável, nem sempre é algo que conseguimos determinar. Se fosse fácil determinarmos o que nos faz apaixonar por alguém, conseguiríamos com a mesma facilidade deixar de gostar dessa mesma pessoa. As emoções humanas percorrem caminhos tortuosos...

Quantos já fomos atingidos por um relâmpago? E quantos de nós queremos voltar a ser atingidos por um relâmpago? It is better to have loved and lost, than to never have loved at all. Por muito que tenha doído ou que ainda nos faça sofrer, continuamos a desejar o mesmo. Masoquismo? Não me parece. Apesar de haverem muitos masoquistas a vaguear a Terra (e muitos sádicos também) a grande maioria da carneirada continua a ansiar pelo tal relâmpago. Porquê? Porque a recompensa que nos dá enquanto estamos sob o seu efeito inebriante, quase compensa a dor que sentimos quando passou para alguém, mas não para nós. É disso que precisamos, tanto quanto do ar que respiramos: daquela sensação que nada nos pode fazer mal, que tudo está bem e o sol brilha mesmo quando chove.

Por outro lado, infelizmente, prevalece a permissa que vale tudo no amor e na guerra. Passamos por cima dos outros enquanto alguém despreza o que sentimos. Se o relâmpago não for imediato, então não vale a pena e o melhor é seguir em frente. Voltamos à teoria dos 3 minutos. Quantas oportunidades de verdadeira felicidade teremos então desperdiçado? E como aceitar que para quem nós desejamos, podemos não fazer parte dos 7%?

A Fé está moribunda...Temos tanto medo de sermos magoados, que magoamos para nos protegermos. It's a dog eat dog world. Alguns de nós têm verdadeira coragem para fazer de salmão e nadar contra a corrente.Por vezes essas pessoas conseguem atingir o verdadeiro objectivo. Outros de nós, incapazes de estar quietos, fazemos teorias sobre as emoções humanas, quando temos plena consciência de ser meras crianças neste caminho. A experiência é tudo o que somos. Fala mais alto que 50.000 adeptos num estádio. É tudo o que devemos buscar: conhecimento. O resto, eu quero crer que acaba por chegar eventualmente. Nem que seja por arrasto.

Romance à velocidade Adsl

"Ninguém ama a outra pessoa pelas qualidades que ela tem caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar. Ninguém ama a outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referências. Ama-se pelo cheiro , pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. " in www.sescblog.pt.vu

Pois é, mas quantos de nós andamos realmente atentos a todos estes pequenos pormenores que fazem com que uma pessoa se torne única, especial, marcante? Todos dizemos que sim, que andamos à procura e estamos realmente atentos, mas estaremos mesmo?

O que me parece na realidade é que na era do fast-food, também as pessoas se tornaram descartáveis... Uns são um Big Mac, outros um Happy Meal. Eu gostava de ser 1 Big Mac, mas não sou nem nunca serei, por isso excusado será continuar a bater com a cabeça nas paredes à espera que alguém me veja assim. Sou provavelmente um Happy Meal com aspirações a tornar-me um dia num McRoyal Delux!Quando eu for grande! (hmmm...tanta analogia a comida para quem nem come no McDonald's!)

No Reino Unido já se fazem algumas vezes por semana encontros organizados de grupos de homens e mulheres. Ao princípio quando fiquei a saber disto, pareceu-me ser das coisas mais estranhas que já tinha ouvido, ri como se fosse a anedota do ano, mas passado um pouco a situação pareceu-me algo familiar. Ora o que se passa é que sentam em mesas individuais cerca de uma dúzia de senhoras. Cada mulher tem nas mãos um cartão com os nomes de todos os homens com quem vai falar e o mesmo se passa com os homens. Quando toca uma campaínha os homens sentam-se, cada um com uma mulher, e têm apenas 3 minutos para deixarem a melhor impressão possível. Ao fim destes míseros 3 minutos uma campaínha soa e os homens vão trocando de mesa até que já as correram todas. Ao longo das conversas ambas as partes vão atribuindo pontuação à pessoa com quem acabaram de falar. No final aqueles que sem querer tiverem dado uma pontuação alta e igual entre si, combina um possível encontro.

Ridículo não é? Que espécie de impressão é que podemos causar numa pessoa em apenas 3 minutos? De que forma podemos em 3 minutos apenas sobressair por entre uma multidão de gente? Por ridículo que seja, é algo que quase todos fazemos todos os dias...Se bem que de forma mais disfarçada. Talvez porque nem nós próprios queremos ver aquilo que andamos a fazer.

Senão, o que tem a Internet feito por nós? Todos os dias e a qualquer hora milhões de pessoas estão apenas a um clique de distância! É tudo muito fácil para quem se acomoda ou desespera. Tão fácil que se torna difícil quando sentimos na pele quão descartáveis somos.Sim, porque basta pensar nisto: conhecemos alguém pela Internet. Quase inevitávelmente é marcado um encontro "em carne e osso". Colocam-se então os seguintes problemas:

1º- Vencer a imagem que criámos online ou mostrar que somos realmente tão inteligentes, divertidos e espirituosos quanto aparentámos ser.

2º- Vencer o desconforto de estar perto de alguém com quem falámos mas que desde o início idealizámos, ao invés de conhecermos realmente a forma de ser da pessoa. ( E não me venham com tretas porque ninguém se "conhece" realmente pela net. Todos criamos personagens)

3º- Deixar uma boa impressão forte e duradoura

4º- Se a pessoa realmente nos agrada, transpôr a relação do virtual para o real

5º- Não entrarmos em paranóia cada vez que pensamos não ser assim tão únicos e especiais para a pessoa em questão. Da mesma forma que ele me conheceu a mim, pode ter conhecido outras 20 na mesma semana. Isto é um facto muitas vezes ignorado, mas que não deve ser esquecido.

6º- Aprender a aceitar que realmente somos descartáveis e que a partir do momento em que já não agradamos ou que é necessário um pouco mais de esforço, uma nova busca na web começa.

Aquilo que nos torna especiais deixa de existir. Temos todos apenas 3 minutos para cativar e prender a atenção de alguém. É um fardo pesado demais para se suportar. No entanto, é o que a maior parte de nós faz...Todos os dias...Uns por divertimento, outros por acaso, alguns por necessidade. É difícil ser-se jovem. Talvez mais difícil ver o tempo passar por nós. Sem dúvida mais difícil viver a solidão rodeados por milhões de seres virtuais. Complexo demais para um Happy Meal como eu compreender...

No entanto a lição foi revista e aprendida: somos tão descartáveis quanto a fast-food. 3 minutos ou um novo pedido está pronto a sair. Desculpem se a minha visão hoje é pessimista, mas é preciso admitir que é realista. No meio de tanta virtualidade as pessoas boas perdem-se. Todos temos um fundo bom e todos estamos a perdermo-nos. E um pouco mais todos os dias, à velocidade da Adsl!




(Para alguém especial...)

Forget me not- Lucie Silvas

Forget me not, I ask of you
Wherever your life takes you to
And if we never meet again
Think of me every now and then

We had just one day to recall
Now all I want is something more
Than just a fading memory
Left wondering what could have been.

Isn't it a shame, that when timing's all wrong
You're doing what you never meant to,
There's always something that prevents you.
Well I believe in fate, it had to happen this way
But it always leaves me wondering whether...In another life we'd be together.
We should feel lucky we can say... we've always got yesterday

And as I leave it all behind
You're still emblazoned in my mind
And for that very special day
Nobody loved me in that way

Forget me not, I ask of you
Wherever your life takes you to
And if we never meet again
Think of me every now and then...

terça-feira, 10 de maio de 2005

2 casos infelizes

O que querem afinal os homens? Uma carinha laroca que diga que sim a todos os seus caprichos? Alguém que dê um pouco de luta e faça um bom braço de ferro de início, mas que ao fim de pouco tempo caia aos seus pés, esperando pacientemente em 2º plano pelo dia em que o papel principal surja? Fechando constantemente os olhos para não ver as provocações e escapadinhas (até as mentais) que lhe vão inflingindo? Ou alguém sincero, frontal, que não esteja disposta a abdicar dos seus princípios? Ou será que cedo percebem que não têm estrutura emocional e/ou paciência para viverem com tal feitio a seu lado? Basta de jogos!!!

Nunca entendi muito bem aquela ideia que "fica bem, mas é nas namoradas dos outros", quer estejamos a falar de 1 decote mais revelador, de uma mini-saia mais ousada ou simplesmente um estado de espírito mais "louco" e rebelde!

Afinal os homens não olham para essas mulheres? Não as desejam? Não gostavam secretamente que a namorada não estivesse ao seu lado nesse momento, ou que tivesse ido passar o fim-de-semana a casa da avó doente a quilómetros de distância?

Não posso deixar de me lembrar da minha própria experiência, com um namorado de vários anos anos, a que vou simplesmente chamar "K".

Quando nos conhecemos, eu era (grande parte dos dias)uma rapariga possuída por uma boa disposição contagiante. Maquilhagem, acessórios, etc eram o mote do dia e não havia festa a que não estivesse disposta a ir. Ora o tempo foi passando, e a relação evoluindo; de conhecidos a amigos, de amigos a namorados. Não me apercebi logo, no entanto, das mudanças graduais mas abismais que ele conseguiu provocar em mim.

Maquilhagem começou a ser coisa rara, uma roupa mais sensual motivo de discussão. Posso dizer que abri os olhos a tempo e com frequência me perguntei se as fortes críticas e palavras amargas que ele sempre tinha reservadas para raparigas que dessem mais nas vistas, não esconderiam um desejo secreto da sua parte. Mas é claro que sim! É claro que ele também tinha alturas em que desejava que eu estivesse a visitar a minha avó doente. Era bom olhar para elas, ainda que ele achasse que não era correcto. Mas impensável seria alguém olhar para mim da mesma forma!!!

Mas não me entendam mal. Olhar não é trair. Não temos que olhar só para quem está ao nosso lado sem olharmos em redor. Pelo contrário, até acho saudável. O que não acho saudável é todo o comportamento por trás da atitude do K. Mas mais tarde percebi que o seu maior problema era a insegurança em si próprio. Como se ninguém o conseguisse ver como eu o tinha visto. Até ao dia em que ele achou que isso tinha acontecido. Aí é que o verdadeiro K se revelou. Mas agora um segredo que ele ainda vai demorar para aprender; nunca ninguém o verá como eu vi!

A minha situação não teve, no entanto, nada de espantoso quando comparada com a maioria dos casos que conheço. Como aconteceu com a C, quando começou a namorar com uma autêntica besta do Neolítico. Tudo nela teve de mudar. Impensável sair simplesmente com as amigas, que ele tratava de tal forma que uma por uma todas se foram afastando,até não lhe restar nenhuma. Parece que estão quase casados e planeiam um filho, mas eu penso nela tantas vezes... Ela fez as suas escolhas e não é nenhuma coitadinha, mas deve estar tão sozinha... Tão completamente desamparada se ele um dia decidir que afinal quer outra coisa da vida.

É claro que estes são apenas dois casos infelizes, felizmente nem todos são assim...alguns são piores, outros com o tempo e alguma teimosia lá se vão safando! No entanto, para grande desilusão minha, o que me parece é que tanto homens como mulheres gostam simplesmente do jogo da perseguição! Claro que sim! Eu também acho que é provavelmente a fase mais gira de uma relação! O que vejo acontecer é que no meio de tantos jogos, esquecemo-nos da relação.. Jogamos pelo simples prazer de jogar..Traímos pelo simples prazer de trair. O fruto proibido desde os primórdios dos tempos que é o mais apetecido.

Parece-me quase impossível encontrar transparência nas pessoas em geral. O egoísmo torna-se soberano e ninguém está imune a esta realidade. Quantas vezes dizemos ao longo do dia a palavra "Eu"? Muitas mais que que a palavra "Nós". Entristece-me ver todos os dias e a toda a hora a busca incessante pela auto-gratificação. Esta forma de tratar os outros como um mero objecto que serve unicamente os nossos propósitos...Somos mais do que meras esponjas para simplesmente absorvermos o que nos rodeia ou sermos espremidos por quem nos controla os pensamentos.

Há dias em que a desilusão reina com mais força que o egoísmo...

segunda-feira, 9 de maio de 2005

Soonismos e outras tretas teóricas

Antes de mais, quero explicar apenas que este meu blog tem apenas a função de desabafo...de partilha de ideias. Aliás, aí está algo que gosto de fazer constantemente: partilhar ideias.Houve alguém que disse um dia que o Homem não é uma ilha. O gajo pelos vistos devia ser esperto!

Provavelmente já toda a gente viu aquele filme maravilhoso e de certa forma profundo, apesar de cómico "O que as mulheres querem". A pergunta que atormentou Freud durante toda a sua vida e com a qual morreu sem resposta. Pois eu por muito que tenha gostado do filme já há uns tempos que me propus a inundar o e-mail da Nancy Meyers a exigir que ela faça a versão contrária do filme. Seria então "O que os Homens querem"! Tanto eu como a maior parte das mulheres que por aí andam agradecíamos.

Sim, porque apesar de ter um ponto de vista priveligiado, sendo muito amiga de muitos rapazes e sabendo portanto de pormenores que as suas namoradas nem sonham, também eu me sinto atormentada por esta pergunta. Apesar de vê-los a fazer muita coisinha má assusta-me um pouco o facto de ver que afinal se formos tirar uma amostra geográfica da população masculina, eles até fazem parte da melhor fatia do bolo! Claro que sendo meus amigos, estão estragados para mim enquanto Homens, o que significa que a minha observação incessante tem assim de continuar.

Afinal começo a acreditar que as mulheres são de Vénus e os homens de Marte...Infelizmente ainda não aprendi a falar marciano... E acredito cada vez mais que a ladaínha que os homens tanto gostam de apregoar, que saõ muito sensíveis, que só querem miminhos, que ainda não encontraram a rapariga certa e que alguém já um dia os magoou tanto que têm medo de se voltarem a entregar, não passa afinal de contas disso mesmo: uma ladaínha! Uma forma de enganar as mais ingénuas, de apelar ao instinto maternal de todas as mulheres, de serem acarinhados durante o tempo que acham necessário e antes que chegue a altura de darem algo mais em troca...lá vão eles ter com outra pobre desgraçada com o mesmo discurso. Algumas são realmente espertas e não caem...alguns são realmente sinceros e levam por tabela!

Sim meus meninos, porque nós mulheres também já fomos magoadas (umas mais, outras menos) e não é por isso que vos fazemos carregar toda a nossa bagagem emocional! Não é por isso que inventamos desculpas e esquemas para esconder aquilo que nos vai na alma!

Afinal, se eu estou enganada, onde andam então os rapazinhos bons, decentes, meiguinhos e sinceros? Sim, porque que eu tenha visto até agora...népia!

Ora benvindos!

Ao fim de alguns anitos a ler os blogs dos amigos, decidi finalmente que também quero o meu espacinho na Internet! Sim também eu me quero chibar de tudo o que se passa ao meu redor! Também eu quero libertar tudo o que vai dentro de mim para o ciberespaço!!! Lol! A ver vamos é se no fim de tudo isto há alguém por aí que realmente se interesse pelo que tenho a dizer...Mas isso já são outras histórias...
Pra já deixem lá ver então como é que esta cena funcemina!

Bacci à tutti! =)